quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Carta 3

 Querido Romeu,


apesar de não estares a partilhar o mesmo espaço que eu (ou o mesmo tempo. Ou a vida), quero agradecer-te por múltiplas coisas.

Agradeço todos os sorrisos que vivi enquanto passeávamos pelas ruas de outras cidades, pelos campos do interior de Portugal, enquanto saltávamos de pedra em pedra pelas ruelas mais inusitadas e escondidas por aí.

Agradeço a pessoa que fui contigo, ao teu lado. A pessoa que me tornei por ser tua companheira de viagem nestes anos todos. Sabes que os anos que estivemos juntos têm dois dígitos? Não um, mas dois. Claro que sabes, só não queres saber mais. Também te agradeço por isso.

Agradeço por me ensinares aquilo que eu não quero mais. Por ter lidado com a situação de uma maneira tão prática, tão racional, tão tudo menos o melodrama que esperavas de mim (e tu conheces quem sou melhor do que ninguém, sabes que sou zero melodrama). Por me ter apercebido que preciso de estabilidade na minha vida. 

Não te consigo agradecer todas as lágrimas que choro (ainda) por ti, por teres escolhido deixar tudo para trás, por procurares o quê, exatamente? Nem tu sabes, Romeu. Podias ter feito de forma diferente, podíamos ter estado noutro caminho. Escolheste o teu caminho.

Agora, eu escolho o meu.

Sem ti.

Sem.

Ti.

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